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Especial

Arte e resistência: a história de Fábio Hostert

Conheça um pouco sobre o ator, diretor e professor de teatro de Blumenau

Publicado em 30/06/2024 às 08:00

Ator e professor Fábio Hostert (Foto: Divulgação)

Neste domingo, dia 30, junho, conhecido como o mês do orgulho LGBTQIAPN+, chega ao fim. Para encerrar essa grande celebração, o Portal da Cidade Blumenau conta um pouco sobre Fábio Hostert, ator, diretor e professor de teatro de Blumenau. Aos 47 anos, Fábio, compartilha sua trajetória artística e a importância da luta pela igualdade e visibilidade LGBTQIAPN+.

Fábio é Mestre em Artes Cênicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e possui especialização em Ensino da Arte pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb). Graduado em Educação Artística - Artes Cênicas, também pela Furb, ele é atualmente sócio, ator, diretor e pesquisador na Cia Carona de Teatro, além de professor na Carona Escola de Teatro e coordenador do Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau (Fitub).


A trajetória artística e a importância do teatro

Desde a infância, Fábio se interessava por arte e teatro, inicialmente através de aulas de artes visuais na escola. Seu envolvimento mais profundo com o teatro começou no ensino médio e se consolidou na faculdade, onde ingressou no curso de Educação Artística, que oferecia habilitações em teatro, música e artes visuais. Foi nesse período que ele se uniu ao grupo Phoenix, projeto de extensão da universidade, e decidiu seguir carreira no teatro. "Ali foi o grande lugar que me fez decidir continuar no teatro e, desde então, eu não parei mais”, relembra Fábio.

Para Fábio, o teatro não só proporcionou uma comunidade artística com a qual se identificou, mas também foi um espaço onde encontrou as primeiras pessoas LGBTQIAPN+ com quem pôde se conectar e se sentir menos isolado. Ele conta que, nos anos 90, antes da existência da internet, esses encontros físicos eram fundamentais para a construção de uma rede de apoio e pertencimento.

O ator começou a frequentar o Fitub em 1995 e, eventualmente, se tornou coordenador do festival. Ele destaca a importância do evento para os artistas locais, regionais e estudantes de todo o Brasil e da América Latina. Contudo, lamenta que, pelo segundo ano consecutivo, o festival não aconteça por causa da falta de incentivos financeiros. "É uma lástima que ele não esteja acontecendo, é uma lacuna muito grande na vida cultural da cidade, da região e do Brasil", afirma.

A Arte Drag

Além do teatro, Fábio também despertou interesse pela arte de drag queen. De uma forma resumida, uma drag queen é uma expressão artística que envolve a criação de um personagem com características femininas e, geralmente, com um toque de exagero. A arte drag sempre fascinou Fábio, especialmente quando ele frequentava baladas LGBTQIAPN+ onde várias drags performavam entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000.

Em 2015, inspirado pela resistência e empoderamento da arte drag, ele criou sua personagem, Eva Pepper. Junto de um amigo, Fábio retomou um coletivo de luta LGBT, o Coletivo Liberdade. Para protestar em prol da comunidade, ele organizou uma semana contra a LGBTfobia. Em uma da das noites do evento, surgiu a proposta de um sarau para que cada um se expressasse de diferentes formas. "Foi quando eu decidi me montar para apresentar os números dessa noite", conta Fábio. Desde então, Eva Pepper tem sido uma presença marcante em sua carreira artística, inclusive protagonizando o espetáculo "A Segunda Eva", da Companhia Carona.


Drag de Fábio, Eva Pepper (Foto: Divulgação)

Desafios sociais e a luta pela igualdade

Hoje, Fábio observa que, embora a arte drag tenha se tornado mais visível e respeitada, os desafios para a comunidade LGBTQIAPN+ permanecem, especialmente com o crescente conservadorismo e desinformação. Ele conta que recentemente foi alvo de ataques depois de um evento. Mesmo assim, ele continua firme na luta por igualdade e justiça, promovendo ações para dar voz à comunidade LGBTQIAPN+. “Nós nos encontramos em uma época de muita desinformação e muitas fake news que acabam distorcendo a natureza de muitas coisas. Então muitas pessoas, por exemplo, não compreendem com profundidade o que é o orgulho LGBT”, destaca o ator.

Para Fábio, o orgulho LGBTQIAPN+ é sobre não ter vergonha de ser quem se é e continuar lutando por igualdade de direitos. Ele ressalta que a luta pelos direitos LGBTQIAPN+ é constante e precisa ser mantida para evitar retrocessos, lembrando que tudo começou na Revolta de Stonewall. Para finalizar, ele sublinha a importância de separar política de religião e de continuar promovendo a diversidade e a inclusão. “Eu sempre fiz uma pergunta para as pessoas que não entendem ou que ainda têm bastante preconceito com relação à comunidade LGBT: o que muda na vida das outras pessoas?”, questiona.

*Por Guilherme Peters

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