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Tensão e surpresa em La Paz

Confira a nova coluna de Manu Fernandes, no Portal da Cidade Blumenau

Publicado em 28/06/2024 às 19:00
Atualizado em

Tensão e surpresa em La Paz (Foto: Arquivo pessoal)

Falo diretamente de La Paz, a quarta cidade que visito durante o meu mochilão pela Bolívia.

Eu sempre falo que viajar é um grande mistério, que nunca sabemos o que nos espera pela frente. Também digo que a trajetória é uma “caixinha de surpresas", como diz a máxima. Mas eu sempre pensei em coisas como transportes cancelados, problemas com a acomodação, até mesmo alguma gripe inesperada.

O que eu nunca pensei é que viveria um momento que entraria para história.

Nesta semana, no dia 26 de junho, teve uma tentativa de golpe de estado no meu caminho. Tropas militares e tanques de guerra bolivianos foram posicionados na frente do palácio do governo.

Um dia comum

O meu dia começou como qualquer outro. Café da manhã no Airbnb, trajeto da acomodação até o ponto de encontro para um day-tour. Passei o dia visitando lugares ao redor de La Paz, retornando à cidade próximo das 16h.

Logo que saímos da nossa van, o nosso guia nos informou para ter cuidado próximo da praça principal da cidade, a Praça Murillo; até esse momento não sabia o que estava acontecendo, acreditei que era só um aviso por ser um centro movimentado.

Foi então que na ida para a estação de teleférico percebi que algo era inesperado. Muito movimento, caos, pessoas filmando, fotografando, andando muito rápido. A estação que sempre está vazia, estava agora com filas que cruzavam o quarteirão.

Como um dos pontos que eu já havia notado era que o transporte público (teleférico) é vazio — não tem muitas filas e é sempre muito tranquilo —, ver a multidão próxima à estação chamou a minha atenção.

“É algo sério”, sussurrou minha intuição. As pessoas estavam agitadas, no telefone, avisando que estavam indo para casa, perguntando onde a pessoa da chamada estava e por aí vai.

Peguei meu celular para para procurar alguma notícia; no meu grupo do Whatsapp com a minha família já tinha o aviso do meu pai. Ele é jornalista e está sempre atento às notícias do mundo, quando eu viajo fica ainda mais atento às notícias dos destinos que eu estou.

A partir desse momento, compreendi que precisava estar atenta. Primeiro porque é algo novo, algo incerto. Não se sabe o que pode acontecer, como funciona, o que precisa ser feito. Cada golpe ou tentativa tem suas peculiaridades.

No caminho da estação para o Airbnb notei que todas as estações estavam lotadas e o trânsito bem intenso.

Já estava nos planos passar no mercado. No trajeto da estação que caminhei até o mercado e vi que muitos caixas eletrônicos de banco estavam com filas imensas de pessoas tentando sacar dinheiro.

No mercado, muita fila. Levou mais de 40 minutos para conseguir entrar de tão cheio que estava; durante essa espera, percebi que todos estavam atentos ao celular, vendo transmissões ao vivo, conversando com conhecidos ou debatendo o que poderia acontecer. Todos estavam tensos do que poderia resultar a tentativa. Ao que pude observar nessa fila, as pessoas compravam principalmente papel higiênico, ovos, carne e pão. Gente, uma tentativa de golpe!

O clima no mercado — guardadas as proporções — me lembrou um pouco quando temos sinal de enchente em Blumenau, em que não sabemos o que vem pela frente e tentamos nos preparar da melhor maneira.

Caminhos

Passei mais de duas horas na tentativa de comprar alimento. Nessa hora, comecei a pensar em tudo o que poderia ser feito. É intuitivo no viajante, pensar nos diversos caminhos que se pode seguir.

“Será que preciso mudar a rota?”; “será que preciso sacar dinheiro?”; “será que vai ficar tudo bem?” — foram algumas das questões que passaram na minha mente.

Optei por manter a calma e aguardar o dia seguinte. Meu pai me manteve informada das atualizações que vinham dos meios de comunicação. Lembrei que tudo faz parte da jornada, que viajar é estar sujeito a qualquer coisa mesmo.

Seja situações históricas, problemas climáticos, atentados ou qualquer outro fenômeno.

Viajar é sempre ter novas experiências— algumas totalmente novas.

Vou informando vocês!

Saiba mais sobre Manu Fernandes


Manuela Fernandes, nasceu em São Paulo e se mudou com os pais para Blumenau quando tinha apenas seis anos de idade. Ela sempre quis viajar, desde muito nova, mas foi depois de concluir a graduação em Publicidade e Propaganda que decidiu traçar as rotas e conhecer o mundo.

Semanalmente, Manu compartilha a experiência dela viajando por mais de 15 países e três intercâmbios, além de trazer conteúdos locais e curiosidades sobre as cidades da região e do estado.

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