Portal da Cidade Blumenau

Especial

Transformando palavras em representatividade: a história de G.B. Baldassari

Conheça a trajetória de Gisele e Bruna Baldassari, casal de escritoras que transforma a paixão pela literatura em luta pela comunidade LGBTQIAPN+

Publicado em 29/06/2024 às 08:00
Atualizado em

Autoras Bruna e Gisele Baldassari (Foto: Divulgação )

No mês de junho, quando o mundo celebra o orgulho LGBTQIAPN+, histórias de amor, luta e representatividade ganham destaque. É nesse contexto que o Portal da Cidade Blumenau apresenta a história de G.B. Baldassari, pseudônimo utilizado pelo casal Gisele e Bruna Baldassari. Elas são de Blumenau e escrevem, juntas, livros que transformam a paixão pela escrita em uma ferramenta de representatividade e mudança.

Como tudo começou

G.B. Baldassari é a combinação dos nomes Gisele e Bruna Baldassari. Casadas desde 2018, elas se conheceram em uma festa em 2012 e muitos interesses em comum foram descobertos logo. Mas o “match” só foi acontecer mesmo meses depois, quando as duas foram acidentalmente reapresentadas por uma amiga em comum. A partir dali, seus destinos se entrelaçaram de maneira inseparável.

Hoje, as duas têm se dedicado integralmente à escrita, tradução e produção textual. Gisele é formada em design de moda, profissão em que atuou por um bom tempo, e Bruna tem formação em gastronomia, psicologia e tradução.

O interesse pela escrita surgiu como um hobby em 2018, logo depois do casamento. Inicialmente, a ideia de se tornarem escritoras parecia distante e inviável, mas com o tempo, a literatura tomou conta da vida de Gisele e Bruna. “A escrita foi roubando muito mais do que as nossas horas livres: ela foi tomando conta dos nossos planos e dos nossos sonhos. Quando nos demos conta, já estávamos completamente envolvidas”, contam as duas.

Gi e Bruna encontraram na literatura uma maneira de expressar suas vivências e compartilhar histórias que muitas vezes não encontram espaço na grande mídia. Desde que começaram a escrever, publicaram seis livros, além dos contos produzidos na série "Caixinha Sáfica". Alguns nomes de sucesso são “Amor Fati” e “Uma Pitada de Sorte”.

Para o futuro, elas têm um romance previsto para outubro desde ano que será publicado de forma independente. Mas antes disso, ainda para o segundo semestre de 2024, também terão mais um lançamento pela editora que estará nas livrarias de todo o Brasil.


Lançamento do livro "Uma Pitada de Sorte" (Foto: Divulgação)

O processo criativo e os desafios no mercado literário

As autoras contam que, por escrevem juntas, geralmente dividem as tarefas, o que facilita o processo. Mas elas dizem que, ainda assim, há muitas coisas a se fazer e que organizam tudo com muito planejamento. “A gente sempre diz que escrever é apenas 50% do trabalho”, destacam as duas.

Para elas, ingressar no mercado literário brasileiro é desafiador, especialmente para autoras independentes, pois o país ainda necessita de estrutura e incentivo para a produção de literatura nacional. No entanto, a autopublicação, como através da Amazon, permitiu que autoras como Gisele e Bruna alcançassem um público significativo e conquistassem visibilidade.

Representatividade importa

Como autoras sáficas, termo usado para indicar o amor entre mulheres, Gisele e Bruna reconhecem a importância de sua representatividade. Para elas, é uma oportunidade de trazer normalidade às vivências LGBTQIAPN+ e contribuir para um mundo mais tolerante. Elas buscam contar histórias universais e divertidas que incluem, mas não se limitam, a personagens LGBTQIAPN+.

“Começamos a escrever, porque lá em 2018 não havia histórias como as que queríamos ler, então desde o início nos propomos a escrever comédias românticas com representação sáfica”, explicam elas. Gi e Bruna acreditam que muitas pessoas também sentiam falta dessas histórias com representatividade e, por esse motivo, os livros delas foram bem aceitos.

Entretanto, o preconceito ainda é uma barreira. O Brasil é um dos países mais homofóbicos do mundo e a luta contra a homofobia é uma realidade também percebida pelas autoras. “Como mulheres lésbicas, nos deparamos todos os dias com dois universos, um que há muito tempo já normalizou nossas vivências e outro que ainda resiste”, contam. Mas a resistência vem através das palavras. Para Gisele e Bruna, escrever histórias LGBTQIAPN+ é uma maneira de preencher uma lacuna que elas mesmas sentiram no passado. A representação é fundamental, especialmente para jovens que estão se descobrindo e precisam ver que não estão sozinhos.

Para saber mais sobre Gisele e Bruna, suas obras e projetos, acesse o site e as redes sociais, onde elas compartilham sua rotina de escrita, novidades e interagem com suas leitoras. Além disso, os livros publicados das duas estão disponíveis no link.

*Por Guilherme Peters

Fonte:

Deixe seu comentário